Além de frases e dicas literárias publicadas na página do Facebook, somos apaixonados e apaixonadas pela escrita com idades, trajetórias e expectativas diferentes que, separadamente, registramos nossos devaneios. Se quiser fazer parte, envie para nós seu texto (oficinacompartilhada@gmail.com)! Os que forem escolhidos pelo grupo serão divulgados aqui na Oficina Compartilhada.

Aproveite o espaço SEM moderação!

Bem-vindos e Bem-vindas!! Saravá!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2012

Oi, destino. Me apresenta o acaso?
Ôi destino! Me apresenta o acaso.
Oi, destino, me apresenta o acaso!







1. Determinar antecipadamente.
2. Designar o objecto ou o fim de.
3. Reservar.
4. Educar para.

E me perguntam por quê peço pelo acaso.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Passou?






O passado passou
E ainda assim não acabou
Estamos sempre reinventando
O passado está sempre andando

A cada ano que passa é assim
E o passado mais passado fica
Quando um novo passado buscamos
E isso nunca tem fim

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Memória

A brisa assopra cores, sabores, odores,
delicadezas atrozes:
mas o passado não se consuma;
apenas existe
persiste
e a alma assiste, insistindo
- "não há esquecimento, mas memória".

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ah, o natal!

Cenário de tons verde e vermelho, no canto da sala o presépio com "A sagrada família" ao lado do pinheiro de plástico com bolas metálicas e luzes piscantes. De onde veio esse menino Jesus que mais parece um querubim da Fiorucci?

Mamãe sai da cozinha com aquele peru a ser comido com farofa de miúdos. À mesa vinho no gelo, caipirinhas e guardanapos servindo de abanadores. Rabanada não falta! Sinto falta dos tempos de leitoa à pururuca: depois que meu porquinho preferido foi morto e servido com uma maçã na boca, me tornei mais cruel.

A troca de presentes e a velha frase: "presente mole ou presente duro?". A criança decepcionada com a camiseta, o adulto pê da vida com o livro sobre o Facebook, a tia bêbada entoando cantos de Simone.

Ah, o natal!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sobre gente

http://thenewsbiz.blogspot.com/
Hoje conversava com um conhecido que, entre diversas lamentações, enfatizava que a vida é muito difícil e que não aguentava mais o esforço enorme que tinha que fazer para que tudo desse certo em sua vida. Era a empreitada acadêmica que estava pesada demais, o trabalho pouco remunerado, os projetos que andavam lentamente... E acrescentou que, no meio disso tudo, ainda tinha eu, me preparando para mudar.

Mudar... Fiquei sem entender direito o que a afirmação carregava nas entrelinhas. Mas o fato é que ela desencadeou uma resposta imediata e sincera de minha parte: não precisamos de preparação para mudar. Isso já está dentro de nós mesmos e é só cair dentro. Quem prepara demais acaba não dando conta. Tem que ser natural, fazer parte da evolução da vida.

O grande clichê de que a vida é fácil e as pessoas é que complicam é a minha verdade. Ela pode ser até dura para uns ou bastante dura para outros, mas não é difícil, não. E falo isso sem pretensão alguma. Acredito no amor, acredito na sinceridade, acredito no talento e no esforço... Acredito no ser humano. E sei também que uns têm mais facilidade que outros para driblar os obstáculos e seguir em frente sem muito chororô.

Talvez por isso eu seja, muitas vezes, exageradamente positivo e desencanado. O que não significa que não sofra. Apenas não valorizo demais os perrengues que fazem parte da minha história. E não estou muito preocupado com o que os outros pensam de mim. Se eu te conheço vou (tentar) te cumprimentar e (sempre) conversar olhando nos olhos. Sou carinhoso, atencioso, tento fazer o bem e diversas vezes escorrego, porque sou gente.

Medo de mudar? Sobre vida e sobre gente, o melhor é ser contente.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Represa

Lágrimas contidas no muro dos olhos
derramam à toa, no sentido estrito.
Às vezes falta a Toa.
Pode ser um pedaço de noite, fragmento de música, um cheiro.
Pode ser.

Pode ser o barco a ancorar a água,
o amar a impedir o amor.
Pode ser.

Não é qualquer coisa que rebenta a maré,
deve de estar suscetível às coisas,
deve de ter a hora de rebentar,
Só pode ser... A Toa.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sensura

Me chateei. O mesmo de sempre. Como se o homem de "luz" fosse capaz de lidar com as "sombras". No fim das contas, nesse mundo sombrio, sua face é tomada por todo negror, seus movimentos encobrem qualquer luz sobre sua vergonha: a impotência.

Na impotência, o remédio não é uma pílula. É o silêncio.

Triste, não? Por isso me chateio. Porque é chato ver o entusiasmo da missão se esvanecer na vaidade d"a verdade". Sem perceber que é uma questão de retórica. E em um discurso, conteúdo e forma contam. E o equilíbrio entre os dois é uma sua verdade. E é a condição que torna o silêncio possível em meio a tanto barulho.

Parece até que mudei de imagens por incapacidade minha de não manter a idéia luz/sombra. E foi. Porque nos cegamos em algum momento. Coisas animalescas dessa vida. Então funcionam os órgãos de som. Tenho medo quando mudam, porque ao surdarem não há problema. Quando mudam se percebe: silêncio ou violência. Não que o silêncio não seja uma violência. Mas a violência física.... ai, essa reabre os olhos, aguça a audição e dela se ouve o grito... de guerra.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mais um que vai

Banksy
Senti frio e resolvi olhar o calendário. 
17 dias. 
É o que falta para mais um ano ficar para trás. Levanto para fazer um café e noto que a coluna reclama. Dói há dias num misto de estresse e falta de exercício, mas o frio não me ajuda. Desculpa esfarrapada, eu sei. Aproveito para ligar o aquecedor e no caminho de volta para a mesa de escrevinhar não sei por que lembro-me de meu pai. Acho que é só saudade. E em seguida surge o pensamento que as pessoas têm muito medo de morrer, sim, mas têm muito mais medo de viver. Paralisadas pelo desconhecido se trancam dentro de seus corpos e não deixam a alma respirar. Tenho medo da morte, mas tenho sede de viver. Viver o máximo que puder, para além dos meus limites. Sem fronteiras. Os pensamentos confusos se embaralham. Executo várias tarefas ao mesmo tempo: leio e-mails da família, textos de amor, denúncias de falcatruas políticas, procuro aluguéis mais baratos e admiro pinturas de séculos passados. O café me dá um pouco mais de energia e a cabeça começa a funcionar melhor. Quem sabe amanhã eu não corro na praia?

sábado, 10 de dezembro de 2011

Modo de Usar

usufruto 
substantivo masculino
1. Acto.. ou efeito de usufruir ou de gozar os frutos ou rendimentos de alguma coisa que pertence a outrem.
2. Direito proveniente de usufruto.*


Uso o fruto. Fruto de plantação, cultivo e colheita.



O usufruto só pode ser estabelecido sobre coisa inconsumível, porque a consumível não pode ser usada sem que se lhe destrua a substância.**

Uso gente - casamento - uso terra - produção - uso tempo - desperdício.



*http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=usufruto
**http://pt.wikipedia.org/wiki/Usufruto

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Falar continua sendo fácil

Deixei as fotos da minha ex com meu melhor amigo. E minha coleção de pornografia também. Motivos diferentes, mas com a mesma função: tentar engrenar num novo relacionamento. Estou saindo com a Duda há 1 ano e meio já. Quando fizemos 7 meses ela disse que se incomodava com as revistas de mulher pelada no banheiro e os filmes pornôs na minha estante do quarto. Achei que era insegurança, mas minha amiga Carlinha disse que não, que tem mulher que não gosta mesmo. Continuei sem entender. Acho que pornografia apimenta o relacionamento, dá ideias boas ao casal. Quebra o gelo de experimentar coisas novas, sabe? E pra falar a verdade, o que é que tem de mais?! Estou num relacionamento estável com a Duda porque assim desejo.

Enfim. Não vou perder o fio da meada porque estou aqui mesmo é pra falar das tais fotos da minha ex, a Bia. Não tive coragem de jogar fora. Pois é.... Ela foi minha terceira namorada e a primeira (e única) que amei de verdade. Achei que fosse ser a mulher da minha vida e acabou não dando certo. Perguntei pra Carlinha o que ela achava de eu ainda ter fotos da Bia e ela se inflou toda. Disse ser um absurdo, que eu estava namorando há 1 ano e meio e que eu já devia ter feito uma faxina geral, nas lembranças físicas e na cabeça. Mas aí aconteceu uma coisa engraçada... Fui tomar um vinho depois do trabalho na casa da Carlinha e no meio da caixa das fotos de família tinha um álbum só com fotos de ex dela... Engraçado... No fiofó dos outros é refresco, né?
Moral da história: falar continua sendo fácil e conselho ainda não é vendido porque realmente não presta pros outros se não valeu pra você.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Con(fusão)

Choro diante do mundo, mas são lágrimas de crocodilo.
Não que sejam mentirosas,
ao contrário, são as mais puras e verdadeiras lágrimas que tento evitar, embora escorram por si.
É o sentimento que assalta diante da impotência: pálpebras finas e razão forte.

Aqui computo uma dor, a de ser,
e ser crocodilo, e saber,
saber dizer, mas não ousar fazer.

Por enquanto, não ando muito feliz,
mas corro da infelicidade, sem hipocrisia...
E que são lágrimas de crocodilo, ah...
são.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Trilogia: Encontre o X da Questão

Ideologia do finado Cazuza
"O meu prazer, agora é risco de vida
[...]
eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou"

A nossa trajetória sempre nos permite assumir um caminho. Mas nos pode ser um fardo. Um _X_ na nossa testa/texta que passa de "geração" para geração. O que isso quer dizer? Que eliminar um fator narrativo genealógico nos permite seguir um caminho como indivíduos. Mas que mantê-lo também nos permite ter um ponto de referência de valores - para bem ou para mal - que significa não somente nossas ações como também nossos sentimentos.

Papai e Mamãe Baseball me deram as primeiras pegadas, as primeiras rebatidas. Suas marcas continuam em mim de formas que não sei significar. Claro que permito o mistério de suas existências. Mas ainda existe a existência do agora que não me permite encaixar a todos nesse agora. Nessa agorafobia.

terça, 19 de Abril de 2011

Mito_côndria - DNA Eva no século XXI do calendário gregoriano

Eva sabe ler, escrever, cozinhar peixe, lavar calcinha no box, usar o dicionário T9 para mensagens do celular. É maio de 68, é sufrágio universal, é divórcio, é a pílula anticoncepcional. Com a mercantilização da mulher perfeita, sobraram as loucas de graça. 

Saiu coazamiga e tomou sua sangria com bastante maçã. Também, como não? O útero inchado de inutilizado pede largas doses de álcool e doce - chocolate se possível, mas com bebida nem rola, então vale uma jarra de sangria. Todo mês se esquece de sua dor uterina. Não existe essa história de calejamento para um órgão que sangra com frequência - mais que isso, sangra pelo seu sexo.

Depois de tanto cigarro se olha no espelho, não há nada de errado. A velhice vai chegar, acabou o paraíso da infância. Não consegue nem acreditar no quanto demora para as rugas, são tantos abusos consigo... mas a a garganta dói. Parece até ter nascido um pomo por conta da rigidez do esôfago. E vai... quem faz careta, com o sopro de um anjo, fica desse jeito pra sempre. Eva vive a vida de quem lhe falta.

A queda que sofreu no dia anterior lhe quebrou uma costela. Do lado direito. Deve doer mais àquele que lhe concedeu a sua lateral esquerda. Mas já não importa. Só vai ser chato limpar o vestido branco, ficou cheio de barro na queda. Melhor esperar pelo Darcy, ele sabe alguns truques para lavar roupas, se não der certo pode tingir de negro. Enquanto espera toma seu café e troca a maçã pela geléia de amora.

segunda, 28 de Fevereiro de 2011 às 21:20

Regra Três

Não sabia quem era, de onde vinha, para onde ia e quem era ela para ele querer. 


Brincou no primeiro dia como se fosse a personificação de buceta suculenta. Encarou que tudo registrado em si era nada mais que um buraco com um _X_ que o outro havia descoberto com sua vareta cega à descobrir as matas do deserto.

Havia oito anos que se picava para esterilizar o útero e encarnar o ideal do século _X_X_I - que, diga-se de passagem, é o ideal mais antigo, que o diga Jesus Cristo e sua propagação do livre-arbítrio. Sim, realizamos aquilo que a Galiléia não conseguiu: posso não ter filhos, fudendo; posso ter companheiros, descasada; posso não ter doenças, agasalhada. Que avanço! Uffa! Por isso somos cristãos.

Mas e aqueles códices da cultura que moldam músculos, olhares e timbres de voz? Como ficam eles perante tanta liberdade? E tanta liberdade de ex__pressão. Dê__pressão à eles para vê-los reagir. É o nada. É a inércia. É o excesso de liberdade que cessa na ação. Antiga cessão de desejos entre criança e adulto. Ex__cessão.

Não sabia quem era, de onde vinha, para onde ia e quem era ela para querer ele.

quarta, 30 de Novembro de 2011 às 02:40




Baseboy _X_ Matarrato

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Infinitivo

Se rezar faz espantar eu não sei
Madrugar para Deus ajudar também não provei
E nem sempre a espera alcança
Nessas horas é melhor
Ajoelhar para gozar
Cantar para dançar
E sorrir para não chorar.

domingo, 27 de novembro de 2011

Nostalgia

Esbarrar no passado;
não que ele tenha se perdido, apagado ou embotado,
mas porque está vivo no pensamento:
bicicletar, correr na rua descalço, na rua não asfaltada,
no bairro pobre, e sobretudo alegre...
Ainda é cedo.

Felicidade é o resumo de toda a lembrança tangível,
palpável como a sensação de estar distante,
e salvaguardado.
Saudades, muitas vezes, saudades:
de ser livre enquanto frágil.

Saudades, das conversas na varanda estreita de piso frio;
saudades, das conversas em tons também estreitos – “vamos para a rua? Aqui alguém pode nos ouvir”.

A rua é a escola da criança,
quando, por entreter-se em brincadeiras que não são suas, aprende;
Amadurece, justamente, nas brincadeiras de esconde-esconde, pega-pega – “Agora é sua vez, mesmo sem querer”.
Anoitece, rapidamente: “é hora de descansar!”,
e a criança não se sente enfastiada;
seu querer é ficar na ‘escola’.

Os amigos se vão;
A rua deserta cheira a nostalgia.
É noite, e tarde.

sábado, 26 de novembro de 2011

Sorriso Amarelo





É aquele que fica, indisfarçável,
Colado na cara sem graça
Amarelo ovo, amarelo gema,
Amarelo farsa
E no desespero,
O portador nem disfarça
Veste o horror
E abraça a desgraça


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bilíngüe

Não sou só... 
is so
É ficção
I think so

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Chuva de verão

A forma de sol a giz no cimento carrega a chuva potencial para perto de quem desenha - 
não há como afastá-la, embora a vontade seja oposta.
A família pede o desenho; as nuvens, inevitavelmente choram no quintal,
molham o cimento, lavam a casa;

o giz se desapega rapidamente da pele do chão: torrente d'água,
adentra a morada de nós - mas não querem a chuva.

Passam, passam as nuvens para o verdadeiro sol mostrar que
não há vestígios do desenho mal feito que chama a chuva sem querer;
não querem, exceto eu, que não luto contra a emoção - mentira.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Do MEC

A arte de técnica
do arteSão
Mão
de prática
Arte Prática

Arte de olhos
Visão
Hão de dizer
Plástica
Modificada distância
Do que é
E que parece ser

E digo
Dane-se a
Grã-Má
ti...ti...ca:
Artes Prásticas.



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Em busca de vestígios

João 8:7 = E, como insistissem, perguntando-lhe, 
endireitou-se, e disse-lhes: 
Aquele que de entre vós está sem pecado 
seja o primeiro que atire pedra contra ela.
 

Minha cabeça cai num abismo e uma das outras assume o controle. Quem é essa? Me pergunto no dia seguinte... Tento buscar alguma fagulha de pensamento no fundo do poço e só o que vem é a frase do pobre coitado, pensando alto "Você é muito linda, o beijo que você me deu...".

É claro que ele não estava entendendo nada. Eu também não estava...

O que uma garota como eu estaria fazendo com aquele estranho num motel barato da Praça Mauá? Provavelmente fugindo. De mim... Dele...

A primeira vez tinha classe. Acordei em Laranjeiras, piano ao longe... Longe?!?!? Não!! Bem perto. Ele parou de tocar, disse que tinha café, e eu atordoada só conseguia dizer que estava atrasada - e estava mesmo, era a estréia do meu primeiro projeto solo. Quando eu voltei do banheiro ele perguntou: 

- Você perdeu alguém?

- A gente vive perdendo, né? 

- Ontem você estava correndo risco de vida...

- Você é um anjo... Como é que eu faço pra ir embora?

- Você está em Laranjeiras, é só descer.

- Obrigada...

- Tchau....

Podia ser pior, e acabou sendo. Praça Mauá, sem o menor vestígio de memória. Eu já perdi alguém e deste jeito vou acabar me perdendo também.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Desânimo

Não desisti, apenas desanimei, algumas horas;
uns dias, que seja.
Não faz mal, acho que não faz -
gostaria de eliminar o acho.

Deixe-me dizer: não há jeito: até...
Amanhã pode ser que haja, pode ser que não;
Deixe-me dizer: pode ser.
Ouvi, uma vez, um "pode ser" de sua voz fraquejada,
e não foi diferente de qualquer outro.

Pode ser que negue para salvaguardar seu coração frágil,
sua pele fina, seu sangue finito: como tu és;
deixe-me dizer: por esses dias: estou demasiadamente humano,
tal como tu negou quando ouvi de tua boca medrosamente sem cor dizer: "vai passar".

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Como precaução, foram presos todos os jovens que olhavam fixamente para o céu."*

O céu é o limite para o sonhos. 
Voamos entre nuvens, acompanhando pássaros, 
vento no corpo e olhos fechados para sentir... 
sentir a falta do chão. 
Chão que não sustenta,
 chão que censura,
 chão que chamamos realidade e que foge à mínima sensação de leveza, sentimos todo o peso,
 a gravidade.



Grave é querer sempre sonhar. 


Sofremos. 
E sonhos podem se materializar em letras, 
que se juntam em poemas e romances que nos suspendem por segundos. 
E dizem que a literatura não enche barriga... 
o que são barrigas sem corações?

Velha piada da ditadura: 
"prendam esse tal de Aristóteles... subversivo..."**

**Por motivo de falta de fontes da wikipedia ou google acadêmico, só me veio a mente o nome desse grego. Bem provável que seja outro. Me perdi no tempo e na importância, mas fica o objetivo: Antiguidades não passam. Ai esses nefelibatas desestabilizam....

*Referência: http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/herald/brasil/alunos-da-usp-exigem-meia-fianca

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Top Dream


Essa semana tive um monte de gente do passado pipocando nos meus sonhos. Eu nunca achei que meus sonhos tivessem significado prático algum. Às vezes sonho algo relacionado ao que pensei ou vivenciei durante o dia, o que é quase uma auto indução. Outras, fantasmas enterrados surgem do abismo silencioso sem aviso prévio. 


E nesse vai e vem de vivos mortos o que acaba acontecendo é que no meio do dia você se lembra do sonho e acaba filosofando um pouco mais sobre sua vida - o que na maioria das vezes é uma perda de tempo. O top dream da semana foi o o casamento simbiótico com a pessoa que eu mais amei na vida. Mais do que a mim mesma, e por isso deu no que deu.


Em vez de sermos duas pessoas inteiras se relacionando, viramos duas meias pessoas com projeções. E o que antes era um casal, virou uma pessoa só. Mais ou menos isso. Acontece com a maior parte dos casais em maior ou menor grau, e no meu caso o grau foi extrapolado. Calamidade privada na certa. Uma tristeza.


Acabei buscando, mais uma vez, informação sobre relacionamentos simbióticos e achei um blog muito interessante. Lá, a doutora dizia que tem solução, embora afirme que seja mais fácil falar do que fazer. “Mas é só achar dentro da gente aquele lado que está perdido e recuperá-lo. Voltarmos a sermos um indivíduo por inteiro.”, afirma a médica.


E nesse momento existencialista cheguei à conclusão que nossos momentos de amantes eram mais sinceros. Ele estava comigo, eu estava com ele. E não havia mais nada lá fora. A partir do momento em que nos tornamos além de amantes, sócios, marido e mulher, além de melhores amigos e 'parceiros no crime', a coisa desandou. 


É... Não dá pra ter tudo na vida…. Já dizia o sábio... E num relacionamento, não dá para ser tudo um do outro. Tem que, primeiro, ser inteiro.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Self-Service: monte o seu

Antes de começar, uma advertência: não tenham pressa em ler, sobretudo, pelas poucas palavras.

Quero iniciar narrando acerca de um homem e a relação que vem a ter com uma prostituta. Mas, eles necessitam de nomes? Ele é rico? Casado? Procura a prostituta com quais finalidades? Seria óbvio dizer “ele quer transar!”? Ou poderíamos arriscar “ele tem problemas afetivos e paga por uma conversa”? Exerce a profissão por conveniência? Tem filhos? Reside num bairro medíocre?  E ela, será que necessita de se prostituir? Como chegou a cogitar a vender seu corpo? Ela já havia se imaginado, em algum momento de sua vida fazendo isso? Poderia ter um jeito doce e carismático quando criança, e os que a conhecem bem não poderiam imaginar o que viria a acontecer? Ou sempre fora “dada”, e sabiam que poderia fazer tudo por dinheiro? 

Como chegaram a se conhecer? Na rua. Todavia, ela estava trabalhando ou se cruzaram na rua como “civis” e não como trabalhadores? Ele descobre imediatamente que ela é uma prostituta? Ela descobre logo sua procedência social. Mas como? Pelo modo de falar do personagem, ou pelo meio de transporte que utiliza, ou pela localidade de sua residência? Eles se envolveram rapidamente. Apaixonaram-se perdidamente (e dou a palavra “perdidamente” um tom estritamente forte). Eram capazes de matar um pelo outro. Terão motivos para fazer isso? E será que farão isso? Eles moram no mesmo país. 

Muitas afinidades em comum poderia ter feito com que os personagens se aproximassem; ou poderiam não ter nada em comum, criando uma espécie de “meia metade” clichê. Uma terceira pessoa entra em cena. Qual sua procedência? Conhece bem um deles. Qual? Convive bastante com os dois. Seria importante definir um gênero para essa pessoa? Era Amigo ou perturbaria a relação instaurando ciúmes entre eles? 

Em que país eles vivem? Talvez seja de suma importância os fatos históricos. As dificuldades da relação aumentam. Um deles descobre um segredo. Mas quem descobriu e de quem descobriu? Os fatores psicológicos e metafísicos ajudam para criar identidade de identificação e um clima de densidade. Mas quais? Os três brigam. Há uma trama que culmina na morte de um deles. As tensões aumentam. Nenhum deles havia matado antes. Os dois que restaram vivos se apoiavam nessa situação?  Houve separação. Mas por quais fatores?
Anos depois se reencontram. Não tocam no assunto da morte da pessoa. Há união entre os personagens. Por medo ou cumplicidade? Suas vidas se modificaram brutalmente. Há filhos? De ambas as partes? O segredo é um desconforto para um dos dois. Qual situação atual de ambos? Trabalham e a possuem a mesma posição social de antes?  Encontraram-se no mesmo país? Eles se conhecem bem.

Por algum tempo ficam juntos. Devido à mudança, um descobre que o passado conserva somente o que quer. A angústia perpassa o caminho dos dois. Separam-se. Quem tomou a atitude? Um dos personagens morre. Morte natural ou acidental? O outro fica sabendo. Não vai ao enterro. Por quê? Alguém recebe uma caixa lacrada. Que objetos estão na caixa? A caixa não é aberta. Por que quem recebeu não pode abrir? Por impossibilidade ou por dificuldade? Há um segredo. Mas qual?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Condição de gente

Nos entendemos por gente cedo. Palavrear sensações para ouvidos outros. Para ouvir dos outros seus palavreados também.

Tem vezes
Muitas vezes
Que finjo que não entendo
Não liga, não
Faço isso pra salvar o meu momento

Tenho em mim culpa
Por tudo o que sou
Quando me comporto idiota
É porque, melhor que falar arrogante
É me salvar de mim

Aceitamos tarde a nossa condição de gente. Palavras que pouco dizem o que sentimos. Comunicação truncada.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Subjetividade


Deitei em febre, depois de ouvir: “para mim é assim e não há como alguém entender”.
Pobre frase, pretensa singular; ilusoriamente única.
Soberba, violentamente moderna.
Dias ocupados na matuta sentença; claudicante engodo!
Perdão, mas,
Nunca vi onda quebrar para trás.