Além de frases e dicas literárias publicadas na página do Facebook, somos apaixonados e apaixonadas pela escrita com idades, trajetórias e expectativas diferentes que, separadamente, registramos nossos devaneios. Se quiser fazer parte, envie para nós seu texto (oficinacompartilhada@gmail.com)! Os que forem escolhidos pelo grupo serão divulgados aqui na Oficina Compartilhada.

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Bem-vindos e Bem-vindas!! Saravá!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2012

Oi, destino. Me apresenta o acaso?
Ôi destino! Me apresenta o acaso.
Oi, destino, me apresenta o acaso!







1. Determinar antecipadamente.
2. Designar o objecto ou o fim de.
3. Reservar.
4. Educar para.

E me perguntam por quê peço pelo acaso.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Passou?






O passado passou
E ainda assim não acabou
Estamos sempre reinventando
O passado está sempre andando

A cada ano que passa é assim
E o passado mais passado fica
Quando um novo passado buscamos
E isso nunca tem fim

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Memória

A brisa assopra cores, sabores, odores,
delicadezas atrozes:
mas o passado não se consuma;
apenas existe
persiste
e a alma assiste, insistindo
- "não há esquecimento, mas memória".

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ah, o natal!

Cenário de tons verde e vermelho, no canto da sala o presépio com "A sagrada família" ao lado do pinheiro de plástico com bolas metálicas e luzes piscantes. De onde veio esse menino Jesus que mais parece um querubim da Fiorucci?

Mamãe sai da cozinha com aquele peru a ser comido com farofa de miúdos. À mesa vinho no gelo, caipirinhas e guardanapos servindo de abanadores. Rabanada não falta! Sinto falta dos tempos de leitoa à pururuca: depois que meu porquinho preferido foi morto e servido com uma maçã na boca, me tornei mais cruel.

A troca de presentes e a velha frase: "presente mole ou presente duro?". A criança decepcionada com a camiseta, o adulto pê da vida com o livro sobre o Facebook, a tia bêbada entoando cantos de Simone.

Ah, o natal!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sobre gente

http://thenewsbiz.blogspot.com/
Hoje conversava com um conhecido que, entre diversas lamentações, enfatizava que a vida é muito difícil e que não aguentava mais o esforço enorme que tinha que fazer para que tudo desse certo em sua vida. Era a empreitada acadêmica que estava pesada demais, o trabalho pouco remunerado, os projetos que andavam lentamente... E acrescentou que, no meio disso tudo, ainda tinha eu, me preparando para mudar.

Mudar... Fiquei sem entender direito o que a afirmação carregava nas entrelinhas. Mas o fato é que ela desencadeou uma resposta imediata e sincera de minha parte: não precisamos de preparação para mudar. Isso já está dentro de nós mesmos e é só cair dentro. Quem prepara demais acaba não dando conta. Tem que ser natural, fazer parte da evolução da vida.

O grande clichê de que a vida é fácil e as pessoas é que complicam é a minha verdade. Ela pode ser até dura para uns ou bastante dura para outros, mas não é difícil, não. E falo isso sem pretensão alguma. Acredito no amor, acredito na sinceridade, acredito no talento e no esforço... Acredito no ser humano. E sei também que uns têm mais facilidade que outros para driblar os obstáculos e seguir em frente sem muito chororô.

Talvez por isso eu seja, muitas vezes, exageradamente positivo e desencanado. O que não significa que não sofra. Apenas não valorizo demais os perrengues que fazem parte da minha história. E não estou muito preocupado com o que os outros pensam de mim. Se eu te conheço vou (tentar) te cumprimentar e (sempre) conversar olhando nos olhos. Sou carinhoso, atencioso, tento fazer o bem e diversas vezes escorrego, porque sou gente.

Medo de mudar? Sobre vida e sobre gente, o melhor é ser contente.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Represa

Lágrimas contidas no muro dos olhos
derramam à toa, no sentido estrito.
Às vezes falta a Toa.
Pode ser um pedaço de noite, fragmento de música, um cheiro.
Pode ser.

Pode ser o barco a ancorar a água,
o amar a impedir o amor.
Pode ser.

Não é qualquer coisa que rebenta a maré,
deve de estar suscetível às coisas,
deve de ter a hora de rebentar,
Só pode ser... A Toa.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sensura

Me chateei. O mesmo de sempre. Como se o homem de "luz" fosse capaz de lidar com as "sombras". No fim das contas, nesse mundo sombrio, sua face é tomada por todo negror, seus movimentos encobrem qualquer luz sobre sua vergonha: a impotência.

Na impotência, o remédio não é uma pílula. É o silêncio.

Triste, não? Por isso me chateio. Porque é chato ver o entusiasmo da missão se esvanecer na vaidade d"a verdade". Sem perceber que é uma questão de retórica. E em um discurso, conteúdo e forma contam. E o equilíbrio entre os dois é uma sua verdade. E é a condição que torna o silêncio possível em meio a tanto barulho.

Parece até que mudei de imagens por incapacidade minha de não manter a idéia luz/sombra. E foi. Porque nos cegamos em algum momento. Coisas animalescas dessa vida. Então funcionam os órgãos de som. Tenho medo quando mudam, porque ao surdarem não há problema. Quando mudam se percebe: silêncio ou violência. Não que o silêncio não seja uma violência. Mas a violência física.... ai, essa reabre os olhos, aguça a audição e dela se ouve o grito... de guerra.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mais um que vai

Banksy
Senti frio e resolvi olhar o calendário. 
17 dias. 
É o que falta para mais um ano ficar para trás. Levanto para fazer um café e noto que a coluna reclama. Dói há dias num misto de estresse e falta de exercício, mas o frio não me ajuda. Desculpa esfarrapada, eu sei. Aproveito para ligar o aquecedor e no caminho de volta para a mesa de escrevinhar não sei por que lembro-me de meu pai. Acho que é só saudade. E em seguida surge o pensamento que as pessoas têm muito medo de morrer, sim, mas têm muito mais medo de viver. Paralisadas pelo desconhecido se trancam dentro de seus corpos e não deixam a alma respirar. Tenho medo da morte, mas tenho sede de viver. Viver o máximo que puder, para além dos meus limites. Sem fronteiras. Os pensamentos confusos se embaralham. Executo várias tarefas ao mesmo tempo: leio e-mails da família, textos de amor, denúncias de falcatruas políticas, procuro aluguéis mais baratos e admiro pinturas de séculos passados. O café me dá um pouco mais de energia e a cabeça começa a funcionar melhor. Quem sabe amanhã eu não corro na praia?

sábado, 10 de dezembro de 2011

Modo de Usar

usufruto 
substantivo masculino
1. Acto.. ou efeito de usufruir ou de gozar os frutos ou rendimentos de alguma coisa que pertence a outrem.
2. Direito proveniente de usufruto.*


Uso o fruto. Fruto de plantação, cultivo e colheita.



O usufruto só pode ser estabelecido sobre coisa inconsumível, porque a consumível não pode ser usada sem que se lhe destrua a substância.**

Uso gente - casamento - uso terra - produção - uso tempo - desperdício.



*http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=usufruto
**http://pt.wikipedia.org/wiki/Usufruto

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Falar continua sendo fácil

Deixei as fotos da minha ex com meu melhor amigo. E minha coleção de pornografia também. Motivos diferentes, mas com a mesma função: tentar engrenar num novo relacionamento. Estou saindo com a Duda há 1 ano e meio já. Quando fizemos 7 meses ela disse que se incomodava com as revistas de mulher pelada no banheiro e os filmes pornôs na minha estante do quarto. Achei que era insegurança, mas minha amiga Carlinha disse que não, que tem mulher que não gosta mesmo. Continuei sem entender. Acho que pornografia apimenta o relacionamento, dá ideias boas ao casal. Quebra o gelo de experimentar coisas novas, sabe? E pra falar a verdade, o que é que tem de mais?! Estou num relacionamento estável com a Duda porque assim desejo.

Enfim. Não vou perder o fio da meada porque estou aqui mesmo é pra falar das tais fotos da minha ex, a Bia. Não tive coragem de jogar fora. Pois é.... Ela foi minha terceira namorada e a primeira (e única) que amei de verdade. Achei que fosse ser a mulher da minha vida e acabou não dando certo. Perguntei pra Carlinha o que ela achava de eu ainda ter fotos da Bia e ela se inflou toda. Disse ser um absurdo, que eu estava namorando há 1 ano e meio e que eu já devia ter feito uma faxina geral, nas lembranças físicas e na cabeça. Mas aí aconteceu uma coisa engraçada... Fui tomar um vinho depois do trabalho na casa da Carlinha e no meio da caixa das fotos de família tinha um álbum só com fotos de ex dela... Engraçado... No fiofó dos outros é refresco, né?
Moral da história: falar continua sendo fácil e conselho ainda não é vendido porque realmente não presta pros outros se não valeu pra você.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Con(fusão)

Choro diante do mundo, mas são lágrimas de crocodilo.
Não que sejam mentirosas,
ao contrário, são as mais puras e verdadeiras lágrimas que tento evitar, embora escorram por si.
É o sentimento que assalta diante da impotência: pálpebras finas e razão forte.

Aqui computo uma dor, a de ser,
e ser crocodilo, e saber,
saber dizer, mas não ousar fazer.

Por enquanto, não ando muito feliz,
mas corro da infelicidade, sem hipocrisia...
E que são lágrimas de crocodilo, ah...
são.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Trilogia: Encontre o X da Questão

Ideologia do finado Cazuza
"O meu prazer, agora é risco de vida
[...]
eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou"

A nossa trajetória sempre nos permite assumir um caminho. Mas nos pode ser um fardo. Um _X_ na nossa testa/texta que passa de "geração" para geração. O que isso quer dizer? Que eliminar um fator narrativo genealógico nos permite seguir um caminho como indivíduos. Mas que mantê-lo também nos permite ter um ponto de referência de valores - para bem ou para mal - que significa não somente nossas ações como também nossos sentimentos.

Papai e Mamãe Baseball me deram as primeiras pegadas, as primeiras rebatidas. Suas marcas continuam em mim de formas que não sei significar. Claro que permito o mistério de suas existências. Mas ainda existe a existência do agora que não me permite encaixar a todos nesse agora. Nessa agorafobia.

terça, 19 de Abril de 2011

Mito_côndria - DNA Eva no século XXI do calendário gregoriano

Eva sabe ler, escrever, cozinhar peixe, lavar calcinha no box, usar o dicionário T9 para mensagens do celular. É maio de 68, é sufrágio universal, é divórcio, é a pílula anticoncepcional. Com a mercantilização da mulher perfeita, sobraram as loucas de graça. 

Saiu coazamiga e tomou sua sangria com bastante maçã. Também, como não? O útero inchado de inutilizado pede largas doses de álcool e doce - chocolate se possível, mas com bebida nem rola, então vale uma jarra de sangria. Todo mês se esquece de sua dor uterina. Não existe essa história de calejamento para um órgão que sangra com frequência - mais que isso, sangra pelo seu sexo.

Depois de tanto cigarro se olha no espelho, não há nada de errado. A velhice vai chegar, acabou o paraíso da infância. Não consegue nem acreditar no quanto demora para as rugas, são tantos abusos consigo... mas a a garganta dói. Parece até ter nascido um pomo por conta da rigidez do esôfago. E vai... quem faz careta, com o sopro de um anjo, fica desse jeito pra sempre. Eva vive a vida de quem lhe falta.

A queda que sofreu no dia anterior lhe quebrou uma costela. Do lado direito. Deve doer mais àquele que lhe concedeu a sua lateral esquerda. Mas já não importa. Só vai ser chato limpar o vestido branco, ficou cheio de barro na queda. Melhor esperar pelo Darcy, ele sabe alguns truques para lavar roupas, se não der certo pode tingir de negro. Enquanto espera toma seu café e troca a maçã pela geléia de amora.

segunda, 28 de Fevereiro de 2011 às 21:20

Regra Três

Não sabia quem era, de onde vinha, para onde ia e quem era ela para ele querer. 


Brincou no primeiro dia como se fosse a personificação de buceta suculenta. Encarou que tudo registrado em si era nada mais que um buraco com um _X_ que o outro havia descoberto com sua vareta cega à descobrir as matas do deserto.

Havia oito anos que se picava para esterilizar o útero e encarnar o ideal do século _X_X_I - que, diga-se de passagem, é o ideal mais antigo, que o diga Jesus Cristo e sua propagação do livre-arbítrio. Sim, realizamos aquilo que a Galiléia não conseguiu: posso não ter filhos, fudendo; posso ter companheiros, descasada; posso não ter doenças, agasalhada. Que avanço! Uffa! Por isso somos cristãos.

Mas e aqueles códices da cultura que moldam músculos, olhares e timbres de voz? Como ficam eles perante tanta liberdade? E tanta liberdade de ex__pressão. Dê__pressão à eles para vê-los reagir. É o nada. É a inércia. É o excesso de liberdade que cessa na ação. Antiga cessão de desejos entre criança e adulto. Ex__cessão.

Não sabia quem era, de onde vinha, para onde ia e quem era ela para querer ele.

quarta, 30 de Novembro de 2011 às 02:40




Baseboy _X_ Matarrato