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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Da regra 3

E lá se foi a carola nos seus devaneios: no terceiro pai-nosso pedia pelos mortos, para logo depois de haver lembrar os familiares e tentar amar os desafetos. Chamava a deus com um suspiro de cansaço, quase que pedindo arrêgo, mas o sussurro foi aos poucos reforçado pela angústia dessa terça-feira em que soube que o além de seu colega de escola foi escolhido por ele: suicídio. E numa hipocrisia danada se perguntava como alguém pecava contra a própria vida, quando ela mesma pedia absolvição para todos os pecados, agora e na hora de nossa morte amém. Mas não se fez de rogada, praguejou a quarta em uma "Ave-Mariiiia!" apertando tanto o terço que estourou a lágrima de cristo.

Estampido de desrazão.

Sai correndo pela igreja, esbarra no pai, empurra o filho, até derrubar o espírito santo no sétimo galo do altar. Travou-se uma batalha com as suas trevas e por três vezes refez o caminho da trindade repetindo arfando espumando paifilhoespíritosanto. Trincava os dentes citando seus três maiores pecados: ORGULHO-GULA-AVAREZA por trinta vezes até resumí-los em ORGULAREZA! quando caiu no chão trimilicando o corpo todo.

Há salvação.

A Mãe Preta desceu da sua vitrine e, gentilmente, pressionou as têmporas muxoxando as dúvidas certas desse encontro de terça-feira. Puxou a folhinha do Sagrado Coração, pressionando contra a razão da moça e entoou o canto:

Três pratos de trigo para três tigres triiiiiiiiiistes. Aaaaah-mém.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O urso

J'ai sauvé la peau d'un petit ours
Et puis son coeur, je ne l'ai pas volé...

Fim de tarde do começo do inverno, tempo frio devagar, lembram a condição de urso da própria mente. Hibernar para se livrar de toda adição adiposa de camadas e camadas de pele, máscaras e paranóias sobre o corpo cansado. Não são aconselháveis os livros, nem os filmes. Toda arte é prenúncio apocalíptico. Aconselha-se trabalho mecânico mental. Do tipo corte de lógicas obsoletas, aperto de parafusos soltos e desarmamento de pensamentos-gatilho. Com direito à pausa para o chá das 17h, esquentando o peito ansioso e ocupando a boca nervosa. Ora se desfaz das responsabilidades, ora se responsabiliza: e nessas oscilações pendulares de cronopinhos úmidos que se aconselha a hibernação.


Mas ó, o diagnóstico é oculto... não há medicina conclusiva.





quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pé de feijão


Semeei feijão no algodão úmido,
que se entreabriu num corpo verde e fino,
e braços que se estenderam a pedir carinho.
Todavia, não chovi sobre sua fina e verde
necessidade de cuidado,
e seco de minha gratidão, ele se foi.
Desde então não tive coragem
de olhar um feijão desabrochado.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Início do fim ou meio?

Não sabia mais por onde começar quando tentava verbalizar sobre o início do fim. Já havia desabafado tantas vezes que a história começava a embaralhar na cabeça, tamanha a confusão que vivia. Era muita providência a ser tomada para pouca atitude do outro lado. Queria escrever para clarear as ideias, todavia, teve preguiça. Não queria pensar mais nisso por enquanto. Preferiu cuidar de si sem drama. Já havia vivido o maior drama de sua vida há poucos anos atrás. Essa seria apenas mais uma experiência que a deixaria mais forte e escaldada. “Essa é a vida real”, pensou. Azar de quem não alcançasse. 

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