Além de frases e dicas literárias publicadas na página do Facebook, somos apaixonados e apaixonadas pela escrita com idades, trajetórias e expectativas diferentes que, separadamente, registramos nossos devaneios. Se quiser fazer parte, envie para nós seu texto (oficinacompartilhada@gmail.com)! Os que forem escolhidos pelo grupo serão divulgados aqui na Oficina Compartilhada.

Aproveite o espaço SEM moderação!

Bem-vindos e Bem-vindas!! Saravá!

sexta-feira, 30 de março de 2012

Ervas Daninhas


Prefiro a vida breve de uma borboleta a viver mil anos com o peso de ter secado um rio.

terça-feira, 27 de março de 2012

Nós

O que quero parece pertencer a mim somente;
Mas quantos não querem o mesmo que eu?
Cansei de ser tu e tu, eu!
Quando seremos nós?

quarta-feira, 21 de março de 2012

Cinzas Coloridas

Fazendo as pazes com a solidão
Encontrei o não

Não quero gente intrometida
Não quero amizade falida
Não quero escolha arrependida


Quero que a estrela brilhe
E que a chuva molhe
Quero abraço apertado
E não quem faz corpo mole

Quero sol azul de bicicleta
Praia, bosque
Pra sair na rua

E quero dia chuvoso
Cinza de preguiça, cama e eu, nua
Pra ficar na minha
Junto com você, na sua

Quero focar pra distrair
E sorrir pra me alegrar
Quero férias
Pra de mãos dadas caminhar

Sair correndo
E num mergulho, cair no mar
Quero você na minha vida
E desse jeito poder te amar


domingo, 18 de março de 2012

Dê Pressão

Segunda, terça
Quarta, quinta
Sexta, chega.
Não, peraí, ainda tem o sábado.

Mas e aí????

Calma, o domingo.

E depois?

Segunda, terça
Quarta, quinta
sexta que não chega
O sábado, peraí calma.

O domingo ainda.

Mas e...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Folia?

Checando uma rede social, li na página de um amigo que comunicava sua fantasia carnavalesca de Amigo da Onça:

Bela Adormecida
Oi Zé, ignorei a lista enorme de personagens femininas fortes dos quadrinhos e vou cair na folia com uma versão sexy, quase exposta e moderadamente machista de um personagem masculino famoso, totalmente capitalista... KKKK Quem será?!

Capitão América! Nem pestanejei e a partir daí mandei o pedido de amizade que foi imediatamente aceito. Ela não tinha foto no perfil, mas arrisquei assim mesmo, pois gostei muito do jeito que ela escreveu. Me pareceu divertida e sexy, além de ousada.

Via tudo que ela postava no afã de descobrir em que bloco estaria e acabei lendo no Twitter que no sábado encontraria amigos no Sassaricando. Parti sozinho para o bloco da Glória, uma vez que nenhum amigo meu quis me acompanhar.

Rodei por duas horas até avistar a fantasia americanizada, bem cintilante, perto do chafariz. O álcool já tinha batido e perdi totalmente a timidez. Cheguei pegando pela cintura e desde então não nos largamos mais.

Uma heroína abriu meu Carnaval e fechou meu coração.

sábado, 10 de março de 2012

Ai

Que prazer ver cada ossinho, se esforçando por perfurar a pele. Esticando e desbotando o pigmento quase-mulato de tantas impurezas no negro-melancolia que recebe muito bem essas pontas. 
Que beleza sentir crescer músculos pequeninos por entre finas camadas de gordura saturada das recomendações do quê-não-comer. Empurrando redes de retenção que querem que tudo continue como sempre - mesmo que saibamos que o sempre é o entrevamento de nós.
Que emoção é torcer o joelho em pontilhados que veneram o tempo, que vergam o padrão e que casam com o sorriso de quem por muito passou e que passaria, ainda, por qualquer oportunidade.

Ai, partiu. Velou as pálpebras em palavras não correspondidas. Estavam no muro, estavam na pele, escritas em tinta de posse. Marcadas em seiva, choravam o meu não. Perdiam meu brilho, calavam a resistência, bandeiravam a vontade de um mim, que eu não sabia, que eu não conhecia, que eu não queria. Que esquivei.
Ai, o reflexo de meus olhos sem brilho. Calotas de um branco corroído, seco, avermelhado pelo abuso de pensar, e pensar, e tentar com um murro encaixar a última peça mal-feita do quebra-cabeça que criei.
Ai, as palavras que voltam chicoteando o meu sono. Perdido. Em voltas do couro no ar que estala quando a realidade se instala e ilumina a ponta da minha covardia, da minha fala-de-um-momento-eterno que não se traduz em tempo mas que pede pra voltar. A cada segundo.
A cada ai. Que me consome ao acordar, que enrola o pensamento em palavras-clichês do amar: te quero, te amo, te desejo, saudade.
Ai, dá dó de tantos acentos sem sentido, porquê não têm ação. Porque não querem atuar, porquê nunca quiseram... apenas elaboração de um tédio sexual por falta de perôba para abrir o nunca para qualquer um. Um olhar profundo que revela o raso do sentimento de permanência, afinal, só permanece o que é do destino. E o destino morreu com Marianne, o destino sangrou no termidor. E a oposição destino-acaso não mais fazem sentido, mesmo que um oceano impeça o toque, mesmo que correntes rompam o gelo, mesmo que a ignorância instaure o amor.

Maldita abstração que confunde o jovem coração, que inventa desafios de fé revolvendo túmulos de ancestrais. O que tenho hoje é só minha cara e ancas no espelho.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Desfolhando eu vôo

Aguardando o Outono chegar
Descasco

Desnudo e revelo
Nua

Inteira de mim
Crua

Fico à vista
No meio da rua


E acabo entregando mais do que quero

Sem farda, capuz ou fantasia
Pois o Carnaval já acabou

Mas enroupar-se é preciso

E o Inverno vem em mim
Como se fosse solidão



Até que a Primavera chega



E me acompanha ao Verão

sábado, 3 de março de 2012

Não sei o quê

Colérica, salta a veia na testa. A voz sai do peito e contrai a garganta.

Me canso, pestanejo nas hesitações, tombo os ombros sobre o tórax. Arco de corpo no torpor sem...

Ânimo, animo! Rasgo a pele com minhas costelas e suspendo a alma nos dedos do pé.

Em candura, desço à minha altura e abraço o coração... ao repousar a mão sobre o peito quente.

Na solidão, arranco goles do copo de aguardente e sorrio - desespero, ela mente - para avivar os olhos.

É noite, calor brando a lacrimejar a testa e deixar o corpo à espera de lençóis.