Enrolei a última respiração
para em doce suspiro
contar a minha frustração
Vivo em uma cidade de 6 milhões de habitantes e uma concentração de renda na zona central e sul. Frequento bares e festas que as mesmas pessoas vão, se reconhecem e não se cumprimentam
Fofocas se fabricam in loco pelo neoliberalismo atuante cotidiano - um ponto a menos para o conservadorismo, um ponto a mais para a falta de ética.
Beber se tornou uma necessidade e não mais uma fuga porque fugir é trabalhar, é congelar seus sonhos justos em um sistema de demandas urgentes fúteis.
Olhar nos olhos é cada vez mais uma obrigação. Precisão de caráter mesmo quando se está a atravessar uma rua... coisas que só o senso comum obriga.
Dignidade é viver na rua, sem se dobrar à insensatez do cotidiano.
Cotidiano é acordar para tomar banho, ficar limpo para ir à rua, ir à rua para trabalhar, trabalhar para pagar a bebida e beber para dormir.
Engoli a última frase
em condolência mortífera
à dérnière catarse.
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