Além de frases e dicas literárias publicadas na página do Facebook, somos apaixonados e apaixonadas pela escrita com idades, trajetórias e expectativas diferentes que, separadamente, registramos nossos devaneios. Se quiser fazer parte, envie para nós seu texto (oficinacompartilhada@gmail.com)! Os que forem escolhidos pelo grupo serão divulgados aqui na Oficina Compartilhada.

Aproveite o espaço SEM moderação!

Bem-vindos e Bem-vindas!! Saravá!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Oui, skin!

A pele não mais responde à alma que a vestiu um dia. Porque quando a alma chegou, luminosa, permitiu um ponto de maturação àquela parca macilenta reunião de epiderme. E lhe disse: Cresce comigo com saúde e felicidade, e teremos o além. Nos primeiros momentos de convivência era possível ver a alma saltar aos olhos e e envolver o corpo para abraçar o mundo. Já com o passar dos anos, uma se adaptava à outra, a pele esticava enquanto a alma se agitava, a pele permanecia quando a alma, retraída, ia para o fundo dos olhos. Para os desavisados da dimensão humana, diríamos que essa dinâmica é inércia de motivações cotidianas. Para os românticos, diríamos ser a estagnação do mundo real - não cabe aqui desilusão porque é para quem vê o futuro, sem sentir o presente, falta ainda uma palavra para dizer o que é possível e não acontecendo.

O além foi se fazendo na expansão dos ossos, na criação de idéias, no abuso com outros. O além trouxe o de sempre. Não levou para alhures a alma luminosa, pelo contrário, a fez iluminar no cotidiano reduzindo o futuro a um desejo de pasárgada - escapismo, puro escapismo. Retirou o que havia de amanhã, apresentou o agora e negou o passado. Pediu licença para querer e foi censurado. O que passou a significar o além não mais poderia se traduzir em "ir", mas em "voltar".

Ficou a pele. Chorou, enrugou, contorceu músculos e mostrou que o que vale é o que não se combate. O campo de batalha muda o corpo e lambe a alma. Deixa a pobre coitada encharcada de lágrimas de tristeza e babas de loucura. Sim, o corpo sempre vence talhando o olhar na paixão pelo abandono.

Nenhum comentário:

Postar um comentário