O vociferar sereno de um Nume,
desprovido, apenas, de agonia,
faz convergir as palavras ao lume:
repentinamente ruge harmonia.
Num dialogar sincero de deidades
principia sem pressa a inspiração,
sem data certa, momento, idades...
O silêncio do ar carrega a criação.
Do balbuciar dos anjos: a permuta;
da carpintaria do verbo: a escuta;
do redemoinho ou furacão é o olho.
Inapreensível mistério divino,
que é ceifa de Deus, homem, e menino,
pois substância da poesia é o restolho.
Ou: "In principio erat Verbum". Disse o Poeta "luz" e fez-se luz. Mas o que é poesia? É criar por palavras o fazer-se do real.
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