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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Cortiço


A vida da pobre coitada mais parecia uma novela de quinta, daquelas bem mexicanas. Divorciada antes dos trinta e com um filho no currículo, caminhava para mais um casamento atrapalhado, enfiando outro rebento goela abaixo da próxima vítima. Vivia em pleno século XXI e ainda não conhecia o que era independência, escolha, planejamento e respeito. Estava grudada na Idade Média, vivendo de impulsos e Bolsa Família.

A política nunca lhe interessara e se valia de afirmações infantis sobre a inutilidade do voto. Para ela, qualquer responsabilidade era inútil e pelo visto tratava o seu útero com o mesmo tipo de respeito. Respeito esse que refletia muito mais na vida dos companheiros de habitat do que em sua própria existência. Aliás, boa pergunta seria essa. Será que ela existe, ou apenas coexiste em sua sucessão de trapalhadas?

Contas a pagar, insatisfação pessoal, falta de cultura e ignorância pontuavam os anos que escorriam por suas mão inábeis. A falta de ambição beirava a estupidez. E o ponto alto das conversas era quando concordava com o interlocutor. Assim, escondia-se atrás da sua insegurança. A mentalidade era tão infantil que sequer sustentava qualquer discussão. Encerrava os embates aos gritos para não ter que ouvir a si própria.

E assim, divertia os que acompanhavam a problemática diariamente. E eles o faziam porque era mais fácil do que lidar com suas próprias vidas. O drama alheio anestesia e não engorda...

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