Se rezar faz espantar eu não sei
Madrugar para Deus ajudar também não provei
E nem sempre a espera alcança
Nessas horas é melhor
Ajoelhar para gozar
Cantar para dançar
E sorrir para não chorar.
Além de frases e dicas literárias publicadas na página do Facebook, somos apaixonados e apaixonadas pela escrita com idades, trajetórias e expectativas diferentes que, separadamente, registramos nossos devaneios. Se quiser fazer parte, envie para nós seu texto (oficinacompartilhada@gmail.com)! Os que forem escolhidos pelo grupo serão divulgados aqui na Oficina Compartilhada.
Aproveite o espaço SEM moderação!
Bem-vindos e Bem-vindas!! Saravá!
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
Nostalgia
Esbarrar no passado;
não que ele tenha se perdido, apagado ou embotado,
mas porque está vivo no pensamento:
bicicletar, correr na rua descalço, na rua não asfaltada,
no bairro pobre, e sobretudo alegre...
Ainda é cedo.
Felicidade é o resumo de toda a lembrança tangível,
palpável como a sensação de estar distante,
e salvaguardado.
Saudades, muitas vezes, saudades:
de ser livre enquanto frágil.
Saudades, das conversas na varanda estreita de piso frio;
saudades, das conversas em tons também estreitos – “vamos para a rua? Aqui alguém pode nos ouvir”.
A rua é a escola da criança,
quando, por entreter-se em brincadeiras que não são suas, aprende;
Amadurece, justamente, nas brincadeiras de esconde-esconde, pega-pega – “Agora é sua vez, mesmo sem querer”.
Anoitece, rapidamente: “é hora de descansar!”,
e a criança não se sente enfastiada;
seu querer é ficar na ‘escola’.
Os amigos se vão;
A rua deserta cheira a nostalgia.
É noite, e tarde.
sábado, 26 de novembro de 2011
Sorriso Amarelo
É aquele que fica, indisfarçável,Colado na cara sem graçaAmarelo ovo, amarelo gema,Amarelo farsaE no desespero,O portador nem disfarçaVeste o horrorE abraça a desgraça
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sorriso amarelo
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Chuva de verão
A forma de sol a giz no cimento carrega a chuva potencial para perto de quem desenha -
não há como afastá-la, embora a vontade seja oposta.
A família pede o desenho; as nuvens, inevitavelmente choram no quintal,
molham o cimento, lavam a casa;
o giz se desapega rapidamente da pele do chão: torrente d'água,
adentra a morada de nós - mas não querem a chuva.
Passam, passam as nuvens para o verdadeiro sol mostrar que
não há vestígios do desenho mal feito que chama a chuva sem querer;
não querem, exceto eu, que não luto contra a emoção - mentira.
não há como afastá-la, embora a vontade seja oposta.
A família pede o desenho; as nuvens, inevitavelmente choram no quintal,
molham o cimento, lavam a casa;
o giz se desapega rapidamente da pele do chão: torrente d'água,
adentra a morada de nós - mas não querem a chuva.
Passam, passam as nuvens para o verdadeiro sol mostrar que
não há vestígios do desenho mal feito que chama a chuva sem querer;
não querem, exceto eu, que não luto contra a emoção - mentira.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Em busca de vestígios
João 8:7 = E, como insistissem, perguntando-lhe,
endireitou-se, e disse-lhes:
Aquele que de entre vós
está sem pecado
seja o primeiro que atire pedra contra ela.
Minha cabeça cai num abismo e uma das outras assume o controle. Quem é essa? Me pergunto no dia seguinte... Tento buscar alguma fagulha de pensamento no fundo do poço e só o que vem é a frase do pobre coitado, pensando alto "Você é muito linda, o beijo que você me deu...".
É claro que ele não estava entendendo nada. Eu também não estava...
O
que uma garota como eu estaria fazendo com aquele estranho num motel
barato da Praça Mauá? Provavelmente fugindo. De mim... Dele...
A
primeira vez tinha classe. Acordei em Laranjeiras, piano ao longe...
Longe?!?!? Não!! Bem perto. Ele parou de tocar, disse que tinha café, e
eu atordoada só conseguia dizer que estava atrasada - e estava mesmo,
era a estréia do meu primeiro projeto solo. Quando eu voltei do banheiro
ele perguntou:
- Você perdeu alguém?
- A gente vive perdendo, né?
- Ontem você estava correndo risco de vida...
- Você é um anjo... Como é que eu faço pra ir embora?
- Você está em Laranjeiras, é só descer.
- Obrigada...
- Tchau....
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Desânimo
Não desisti, apenas desanimei, algumas horas;
uns dias, que seja.
Não faz mal, acho que não faz -
gostaria de eliminar o acho.
Deixe-me dizer: não há jeito: até...
Amanhã pode ser que haja, pode ser que não;
Deixe-me dizer: pode ser.
Ouvi, uma vez, um "pode ser" de sua voz fraquejada,
e não foi diferente de qualquer outro.
Pode ser que negue para salvaguardar seu coração frágil,
sua pele fina, seu sangue finito: como tu és;
deixe-me dizer: por esses dias: estou demasiadamente humano,
tal como tu negou quando ouvi de tua boca medrosamente sem cor dizer: "vai passar".
uns dias, que seja.
Não faz mal, acho que não faz -
gostaria de eliminar o acho.
Deixe-me dizer: não há jeito: até...
Amanhã pode ser que haja, pode ser que não;
Deixe-me dizer: pode ser.
Ouvi, uma vez, um "pode ser" de sua voz fraquejada,
e não foi diferente de qualquer outro.
Pode ser que negue para salvaguardar seu coração frágil,
sua pele fina, seu sangue finito: como tu és;
deixe-me dizer: por esses dias: estou demasiadamente humano,
tal como tu negou quando ouvi de tua boca medrosamente sem cor dizer: "vai passar".
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
"Como precaução, foram presos todos os jovens que olhavam fixamente para o céu."*
O céu é o limite para o sonhos.
Voamos entre nuvens, acompanhando pássaros,
vento no corpo e olhos fechados para sentir...
sentir a falta do chão.
Chão que não sustenta,
chão que censura,
chão que chamamos realidade e que foge à mínima sensação de leveza, sentimos todo o peso,
a gravidade.
Grave é querer sempre sonhar.
Sofremos.
E sonhos podem se materializar em letras,
que se juntam em poemas e romances que nos suspendem por segundos.
E dizem que a literatura não enche barriga...
o que são barrigas sem corações?
Velha piada da ditadura:
"prendam esse tal de Aristóteles... subversivo..."**
**Por motivo de falta de fontes da wikipedia ou google acadêmico, só me veio a mente o nome desse grego. Bem provável que seja outro. Me perdi no tempo e na importância, mas fica o objetivo: Antiguidades não passam. Ai esses nefelibatas desestabilizam....
*Referência: http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/herald/brasil/alunos-da-usp-exigem-meia-fianca
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Top Dream
Essa semana tive um monte de gente do passado pipocando nos meus sonhos. Eu nunca achei que meus sonhos tivessem significado prático algum. Às vezes sonho algo relacionado ao que pensei ou vivenciei durante o dia, o que é quase uma auto indução. Outras, fantasmas enterrados surgem do abismo silencioso sem aviso prévio.
E nesse vai e vem de vivos mortos o que acaba acontecendo é que no meio do dia você se lembra do sonho e acaba filosofando um pouco mais sobre sua vida - o que na maioria das vezes é uma perda de tempo. O top dream da semana foi o o casamento simbiótico com a pessoa que eu mais amei na vida. Mais do que a mim mesma, e por isso deu no que deu.
Em vez de sermos duas pessoas inteiras se relacionando, viramos duas meias pessoas com projeções. E o que antes era um casal, virou uma pessoa só. Mais ou menos isso. Acontece com a maior parte dos casais em maior ou menor grau, e no meu caso o grau foi extrapolado. Calamidade privada na certa. Uma tristeza.
Acabei buscando, mais uma vez, informação sobre relacionamentos simbióticos e achei um blog muito interessante. Lá, a doutora dizia que tem solução, embora afirme que seja mais fácil falar do que fazer. “Mas é só achar dentro da gente aquele lado que está perdido e recuperá-lo. Voltarmos a sermos um indivíduo por inteiro.”, afirma a médica.
E nesse momento existencialista cheguei à conclusão que nossos momentos de amantes eram mais sinceros. Ele estava comigo, eu estava com ele. E não havia mais nada lá fora. A partir do momento em que nos tornamos além de amantes, sócios, marido e mulher, além de melhores amigos e 'parceiros no crime', a coisa desandou.
É... Não dá pra ter tudo na vida…. Já dizia o sábio... E num relacionamento, não dá para ser tudo um do outro. Tem que, primeiro, ser inteiro.
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segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Self-Service: monte o seu
Antes de começar, uma advertência: não tenham pressa em ler, sobretudo, pelas poucas palavras.
Quero iniciar narrando acerca de um homem e a relação que vem a ter com uma prostituta. Mas, eles necessitam de nomes? Ele é rico? Casado? Procura a prostituta com quais finalidades? Seria óbvio dizer “ele quer transar!”? Ou poderíamos arriscar “ele tem problemas afetivos e paga por uma conversa”? Exerce a profissão por conveniência? Tem filhos? Reside num bairro medíocre? E ela, será que necessita de se prostituir? Como chegou a cogitar a vender seu corpo? Ela já havia se imaginado, em algum momento de sua vida fazendo isso? Poderia ter um jeito doce e carismático quando criança, e os que a conhecem bem não poderiam imaginar o que viria a acontecer? Ou sempre fora “dada”, e sabiam que poderia fazer tudo por dinheiro?
Como chegaram a se conhecer? Na rua. Todavia, ela estava trabalhando ou se cruzaram na rua como “civis” e não como trabalhadores? Ele descobre imediatamente que ela é uma prostituta? Ela descobre logo sua procedência social. Mas como? Pelo modo de falar do personagem, ou pelo meio de transporte que utiliza, ou pela localidade de sua residência? Eles se envolveram rapidamente. Apaixonaram-se perdidamente (e dou a palavra “perdidamente” um tom estritamente forte). Eram capazes de matar um pelo outro. Terão motivos para fazer isso? E será que farão isso? Eles moram no mesmo país.
Muitas afinidades em comum poderia ter feito com que os personagens se aproximassem; ou poderiam não ter nada em comum, criando uma espécie de “meia metade” clichê. Uma terceira pessoa entra em cena. Qual sua procedência? Conhece bem um deles. Qual? Convive bastante com os dois. Seria importante definir um gênero para essa pessoa? Era Amigo ou perturbaria a relação instaurando ciúmes entre eles?
Em que país eles vivem? Talvez seja de suma importância os fatos históricos. As dificuldades da relação aumentam. Um deles descobre um segredo. Mas quem descobriu e de quem descobriu? Os fatores psicológicos e metafísicos ajudam para criar identidade de identificação e um clima de densidade. Mas quais? Os três brigam. Há uma trama que culmina na morte de um deles. As tensões aumentam. Nenhum deles havia matado antes. Os dois que restaram vivos se apoiavam nessa situação? Houve separação. Mas por quais fatores?
Anos depois se reencontram. Não tocam no assunto da morte da pessoa. Há união entre os personagens. Por medo ou cumplicidade? Suas vidas se modificaram brutalmente. Há filhos? De ambas as partes? O segredo é um desconforto para um dos dois. Qual situação atual de ambos? Trabalham e a possuem a mesma posição social de antes? Encontraram-se no mesmo país? Eles se conhecem bem.
Por algum tempo ficam juntos. Devido à mudança, um descobre que o passado conserva somente o que quer. A angústia perpassa o caminho dos dois. Separam-se. Quem tomou a atitude? Um dos personagens morre. Morte natural ou acidental? O outro fica sabendo. Não vai ao enterro. Por quê? Alguém recebe uma caixa lacrada. Que objetos estão na caixa? A caixa não é aberta. Por que quem recebeu não pode abrir? Por impossibilidade ou por dificuldade? Há um segredo. Mas qual?
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Condição de gente
Nos entendemos por gente cedo. Palavrear sensações para ouvidos outros. Para ouvir dos outros seus palavreados também.
Tem vezes
Muitas vezes
Que finjo que não entendo
Não liga, não
Faço isso pra salvar o meu momento
Tenho em mim culpa
Por tudo o que sou
Quando me comporto idiota
É porque, melhor que falar arrogante
É me salvar de mim
Aceitamos tarde a nossa condição de gente. Palavras que pouco dizem o que sentimos. Comunicação truncada.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Subjetividade
Deitei em febre, depois de ouvir: “para mim é assim e não há como alguém entender”.
Pobre frase, pretensa singular; ilusoriamente única.
Soberba, violentamente moderna.
Dias ocupados na matuta sentença; claudicante engodo!
Perdão, mas,
Nunca vi onda quebrar para trás.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Antes que seja tarde
Hoje
acordei apagada. E a vontade de ficar o dia inteiro na cama foi grande.
Se ainda estivéssemos juntos seria um daqueles dias de se tomar licor
ou porto. Na tentativa de tirar o amargo da alma, o mais doce ajuda, e o
efeito é o mesmo. Essa vontade é rara, mas quando vem não sai logo. Se
arrasta pela tarde e avança a noite - e se bater insônia ainda vara a
madrugada. E tudo fica com essa névoa, essa fumaça, do que um dia foi
vivo, vibrante e num suspiro ofegante morreu.
No meio desse luto percebo que mais um outubro fica para trás. Um outubro atípico. Um outubro pensante e não festejante como todos os outros. O primeiro a dar sinais de cansaço dessa vida tola. E lendo o texto do dia ele aconselha “Vive intensamente.”. Mas não é isso que eu faço? Por que então um certo dia acordo sem cor, cheiro ou sabor? Na tentativa de alegrar o cenário pinto as unhas de vermelho. Sangue. Para provar que sou feita de carne, além do osso insosso. E que me importo. A indiferença não tem cor, nem sabor. Todo o resto é sim.
Levanto-me e preparo um chá. No armário, camomila, verbena ou hortelã? Hortelã, sem pestanejar.
Se encontros marcados realmente dessem frutos eu teria tido uns 12 namorados nos últimos anos. Mas não. E é aí que você percebe o quão equivocados estavam seus amigos. Não te conhecem nada. E muito menos os possíveis pretendentes. Ensimesmados querem apenas mais um casal para compartlhar suas chatices a dois. Como é irritante juntar-se à casais em programas coletivos. Você não só abre mão da sua individualidade para tentar dar certo com a pessoa escolhida, como também ainda tem que lidar com os caprichos dos outros demais.
Ai, gente chata. E eu já não disse que acordei apagada? Apagada e chata também. Que o dia acabe logo, antes que a garrafa chegue ao fim.
No meio desse luto percebo que mais um outubro fica para trás. Um outubro atípico. Um outubro pensante e não festejante como todos os outros. O primeiro a dar sinais de cansaço dessa vida tola. E lendo o texto do dia ele aconselha “Vive intensamente.”. Mas não é isso que eu faço? Por que então um certo dia acordo sem cor, cheiro ou sabor? Na tentativa de alegrar o cenário pinto as unhas de vermelho. Sangue. Para provar que sou feita de carne, além do osso insosso. E que me importo. A indiferença não tem cor, nem sabor. Todo o resto é sim.
Levanto-me e preparo um chá. No armário, camomila, verbena ou hortelã? Hortelã, sem pestanejar.
Se encontros marcados realmente dessem frutos eu teria tido uns 12 namorados nos últimos anos. Mas não. E é aí que você percebe o quão equivocados estavam seus amigos. Não te conhecem nada. E muito menos os possíveis pretendentes. Ensimesmados querem apenas mais um casal para compartlhar suas chatices a dois. Como é irritante juntar-se à casais em programas coletivos. Você não só abre mão da sua individualidade para tentar dar certo com a pessoa escolhida, como também ainda tem que lidar com os caprichos dos outros demais.
Ai, gente chata. E eu já não disse que acordei apagada? Apagada e chata também. Que o dia acabe logo, antes que a garrafa chegue ao fim.
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