27/12/75
Essa velha dor nas costas. Chegado o inverno é a certeza dessa maldita dor nas costas; de quando em vez a comparo com uma dobradiça enferrujada, tal que um pouco de óleo e umas boas envergadas não fariam mal algum. No entanto me pego pensando nessa analogia, e a acho tão medíocre que logo me ponho a procurar outra – obviamente sem sucesso. Nunca entendi muito bem a vontade resoluta que me dá de procurar outra coisa quando a que eu tenho me serve. Eu chego a argumentar comigo apenas – a altercação normalmente dura pouco; sei que a coisa que possuo é insignificante então tento abocanhar outra de melhor estirpe; o que me incomoda é a deliberação da procura. Ultimamente tem feito bastante frio. Invariavelmente a maleabilidade da coluna se limita a alguns ângulos e a poucos movimentos, como levantar da cama, tomar uma ducha quente – neste momento alivia um pouco a dor –, e voltar para a cama. O frio não tem ajudado muito. Um corpo cálido ajudaria no silêncio gélido do leito. Quem diria qu’eu pensaria assim só por causa da baixa temperatura e da pouca calefação; muitos diriam que estou me enganando com desculpas esfarrapadas devido à solidão, mas nego com toda convicção que não tem nada, mas completamente nada a ver. É só o frio, a janela fechada e a cor bege dessas paredes sem graça.
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