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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Hoje é dia de José e Maria (Capítulo IV)

IV
“Merda!” Foi a primeira expressão de José ao ouvir o despertador, seguida de “por que tenho que ir trabalhar sábado?” mais lamuriosa. Maria Helena o cutuca. Automaticamente ele entende do que se trata: desligar o despertador. Levanta da cama, toma um rápido banho, arruma-se, e sai para o trabalho preferindo pegar o café na padaria para fazer o desjejum no escritório. No elevador da empresa dá de cara com seu chefe. Aproveita a ocasião para comentar sobre a tal viagem.
- Doutor João, ontem estive conversando com Moises, ele comentou sobre ir a Belém...
- Não vai ser mais necessário. Hoje entrei em contato com eles lá em Belém e me informaram que preferem deixar para o segundo semestre. Se estiver disponível em agosto mando você.
- Tá certo. Em agosto fica até...  – Neste instante a porta do elevador abre e José fica por terminar a frase sozinho: “até...melhor”.
Após receber a dispensa da viagem, estranhamente teve vontade de chegar em casa e dizer a sua mulher que iria viajar. Na verdade, o dia foi passando e a vontade se transformou, espantosamente, em decisão. “Falarei que vou viajar... Vou dizer e pronto. “Maria terei de ir a Belém semana que vem, na próxima sexta... Representação da empresa!” E assim foi o dia inteiro, ensaiando o aviso da suposta viagem; a mentira deveria ser perfeita.
Maria em nenhum momento iria perceber que se tratava de uma mentira, afinal, ele de tempos em tempos viajava a trabalho; ao se tratar de uma mentira, vai saber por que ele deveria dar tantos detalhes quanto imaginara dever dar.
 Uma única coisa esboroara da cabeça de José: que rumo tomaria após informar  Maria sobre a viagem? Todavia, ao chega em casa após a faina, antes mesmo de cumprimentar a esposa, larga sua valise na poltrona, joga blazer por cima, dá um longo suspiro artificial e informa: “sexta que vem... Outra viagem”. Maria de pronto diz: “São Paulo de novo amor?”, “Não” responde o marido, e completa após outro suspiro, este mais rápido e de aparência mais sincera: “Agora é Belém.”. 

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