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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Anáguas, rendas e penduricalhos


A menina acordava feliz, esperando o grande momento de ir até a horta com a avó. Como ela adorava o sítio! Maracujás nos pés crescendo ao redor da grade que separava a pequena propriedade da estrada. Nos fundos, o que ao longe parecia uma ribanceira, era na verdade uma horta completa, com legumes, verduras, muita banana e mamão. Sem falar na plantação de cana-de-açúcar, que davam bacias de gominhos geladinhos para comer depois do almoço. Delícia. De vez em quando ela dormia no quarto dos avós. Havia uma caminha de solteiro perto da janela especialmente para ela. E o closet da avó era o paraíso de penduricalhos, anáguas e rendas. Podia morar ali dentro da fantasia e a vida nunca teria que ter outro sentido a não ser inventar.

Hoje, ao olhar para trás, dificilmente lembrava-se desses momentos. Contas a pagar, projetos e decepções amorosas povoavam seus pensamentos, enterrando os que realmente faziam algum sentido. Aqueles que construíram sua personalidade e fizeram dela a pessoa doce e de coração grande que era hoje. Quando se pegou no meio da narrativa, seus olhos encheram-se de lágrimas. Era, sim, uma pessoa feliz. Muito feliz. E com a vida cheia de esperança novamente, resolveu que a partir de então faria um duelo com cada pensamento inconveniente que viesse saltar em sua cabeça: boas lembranças remotas e recentes desafiariam a tristeza até a morte.

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