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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Equação das invejas e dos pavões

No tipo dos pavões vamos inserir Júlio: moço-moreno, olhar de predador, sedução estilo metralhadora (um alvo e tiros pra tudo quanto é lado), esperteza desperdiçada em buscar frases soltas que agradem as moças, desempenho no trabalho abaixo da sua média (só para garantir o salário que paga a cerveja do fim de semana - e da segunda e da quarta-feira também).

No tipo da inveja lá está Hélio Delgado, corpulento apesar do nome, mas de enorme coração e sensibilidade usados para sofrer: decisões dogmáticas, condutas desacertadas, enormes culpas e um olhar de penetrar qualquer alma desavisada (mesmo que que esse tipo não interesse).

Como ocorre a soma desses dois:

1º fator +bar: Hélio bebe com a naturalidade de um habituado com cerveja - grandes goles, sempre pedindo a próxima cerveja chamando o garçom de amigão e completando com um valeu após o sinal de positivo do camarada - enquanto Júlio propõe um brinde a cada pérola dos amigos e conta histórias mixurucas mas que possuem início meio e fim - sem muitos sentimentalismos, mas com muitos sentimentos.

2º fator +paquera: Júlio fica na sua observando seu entorno até alguma peça lhe chamar atenção e poder cruzar o olhar para usar sua lábia - diga-se de passagem, péssima, pois o coitado só sabe da própria vida e aquilo que sua curiosidade, que está a serviço do seu interesse, conseguiu encontrar - enquanto Hélio já demarca a mais gata, avisa a todos e começa a torpeadear a pobre garota para impedir que os amigos olhem para ela - até porque ele nunca terá a mínima chance com ela pois não criará as condições para um diálogo.

Resultado =o furo: a gata escolhida por Hélio não pára de reparar em Júlio, que nem dá cartaz para não magoar o amigo. A peça levanta de sua mesa, se direciona para Júlio e tropeça no meio do caminho provocando a gargalhada das amigas comprometidas que dividem sua mesa de bar. Hélio acredita que seja para ele. Júlio ignora a situação e vai para o banheiro. A moça, corajosamente, se declara interessada em Júlio que, preocupado com a autoestima do amigo, se finge de desentendido.

Agora, a subtração do resultado pelos dois:

Resultado =o furo: Júlio vai até a mesa onde estão seus companheiros e duvida da honra da moça de quem Hélio está interessado, que, por sua vez, reclama a Júlio que "quem desdém quer comprar".

2º fator -paquera: Júlio, orgulhoso de sua fama de pegador e sentindo-se ofendido por Hélio, levanta da mesa, anda até o canto das minas, e, como se mina de ouro fosse aquele canto, canta e encanta todas as moças da mesa sem direcionar sua voz e provoca o sentimento de inferioridade de Hélio. Este, confiante em relação ao amigo mas inseguro em relação às garotas, se faz de garoto e fica de pé na mesa delas, com copo na mão e, para entrar na conversa, conta as vezes que Júlio perdeu as penas para limpar a bunda no acampamento em Ilha Grande.

3º fator -bar: As moças, interessadas em falar mal dos próprios companheiros, ignoram Júlio e Hélio que estavam se estranhando. O estranhamento toma proporções desagradáveis - desde a saída da mesa das moças até a discussão de quantas cervejas foram tomadas. Hélio diz que a culpa é do garçom, de ter aproveitado que eles estavam bêbados, Júlio diz que a culpa é de si mesmo, por não ter retirado os rótulos desde o início. 

Moral da história: O garçom fica sem dez por cento e o bar contabiliza menos quatro cervejas que foram pedidas pelos rapazes enquanto estavam em pé na mesa das moças discutindo.


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