Dentre as cinderelas e as belas adormecidas, o marco para sua história foi Chapeuzinho Vermelho. Em uma versão antiga o lobo aborda a menininha e lhe pergunta:
"Caminho das agulhas ou dos alfinetes?"
A menina que ouvia a história não entendeu até que esfregasse a cara na vida - dizem que devemos todos mergulhar nela, mas pelo excesso de ingenuidade é melhor esfregar mesmo.
A menina demorou a entender que nem todos pensavam igual e, pasmou, aprendiam diferente.
Demorou a entender que consenso não é a união das vontades, e sim a união das frustrações.
Levou um bom tempo a perceber que tempo é invenção. E que a maior invenção de todas era ela, no tempo.
A menina experimentou agulhas e alfinetes e na pele sentiu a mesma dor, por aparência optou pelos alfinetes, caíam bem com o aspecto cru da carne. Para as agulhas reservou uma caixinha, "essas são os outros". Afinal, "o que atravessa minha carne deve ser visível, ornamentando alfinetadas, o que uso nos outros deve ser sutil, a tal ponto que pareçam pequenos brilhantes" e não o veneno da sua vingança silenciada.
Mas sabe qual é o cúmulo da ingenuidade? É lidar com as vontades dos outros pensando o melhor deles. Cúmulo ou acúmulo?
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