
E... Cadê o beijo?!?!? Não é essa a hora do tão esperado (e meio pornográfico, cheio de línguas, para os audaciosos) beijo em pleno altar?
Não.
Não aconteceu.
E minha cabeça girava de dúvidas ao mesmo tempo em que minha bexiga estourava de vontade de despejar tudo no vaso sanitário. Só existem dois momentos interessantes nos casórios: a entrada da noiva e o tal beijo. Só. O resto é uma balela de tradicional religiosidade que põe qualquer um para dormir. E ainda tem a hora da Eucaristia (eu estudei em colégio de freiras e fiz Primeira Comunhão, então tenho um certo respeito que me faz escrever tudo com letras maiúsculas). Quanta bobagem. Eu lá, doida para aliviar minha vontade de urinar e finalmente começar a esbórnia, e no entanto fazia cara de paisagem e prestava a atenção nas roupas das pessoas. Nas vestimentas das mulheres, basicamente. Cada pérola...
Foi quando finalmente o Padre começou a Comunhão. Os convidados levantavam-se para ingerir aquele miolo de pão grudento, sem fermento, puros de seus pecados, pois provavelmente haviam confessado - e certamente pecaram mais do que nunca naquele mesmo dia, naquele mesmo instante, em seus pensamentos.
Foi quando eu, perplexa em meu ranço Católico Apostólico Romano, observei a fila dos rapazes padrinhos do noivo, todos na faixa dos 30 anos: levantaram-se, um a um, e colocaram na boca aquele pedaço de pão ázimo. O casamento americano é assim: a noiva escolhe somente madrinhas e o noivo, apenas padrinhos. Todos pecadores até o último fio de pentelho e lá estavam, com o Corpo de Cristo grudado nos céus de suas bocas... E eu, que já estava doida para enterrar o último fiapo de culpa católica na cova mais profunda, pensei: when in Rome, do as the Romans do...
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