Como posso? É egoísmo. Constata Francisca em cada nova situação - mulher livre não é fácil.... de ser. Mas todos confundem o que é ser livre. Confundem liberdade com libertinagem. Queridos, não é bem assim. Nem toda interpretação é uma realidade. A realidade é uma sintonia de loucuras. Só isso. E isso faz acontecer. Não são necessárias palavras e blablablas. Todos sabemos o que são a "aleatoriedade desses algorítmos".
Senta no táxi. Santana outra vez - não já havia decidido que esse obsoleto não mais faria parte de sua vida? É o que tem. Não tem Tu, vai tu mesmo. Esperar mais tempo na chuva é se molhar e acabar por tornar o estofado de um outro carro em um estofado de um Santana. Pra que fazer isso consigo e com os outros? Tem que se ter consciência social.
A casa demora pra chegar. É como se não pudesse controlar o relógio - do táxi ou do pulso que pulsa no seu próprio tempo? Francisca respeita seu pulso, atrasa o do pulso e desconfia do taxista que aproveita a alta temporada para explorar estrangeiros. "Não é possível que eu seja estrangeira em minha terra" - tanto pode ser que pegou o Santana.
Mas eles continuam circulando. Apesar de todo boicote - sobrevivem da necessidade em um dia de chuva ou de um momento em que todos os cariocas decidem lotar as linhas telefônicas de uma cooperativa. Acabam por não cooperar com o cliente, só entre si. Quantas vezes Francisca foi jogada à sorte de uma imensa ladeira ou de uma madrugada de dedo em riste à espera de um carro que servisse de passagem.
Quem passavam eram eles. Santanas vazios e todos os outros cheios. Foi a falta de paciência - esta em Francisca... não adianta. Voltar ao colo da mãe ou ao abraço do pai contam mais que uma janela que não abre. A paisagem é melhor ao vivo, no passo lento na orla, ou na trilha sonora que observa as nuvens no alto das montanhas a formar a próxima tempestade - tempestade de garoa, conhece? É pior que gota gRossa da copa das árvores... velho ditado, não se vê a floresta quando se esconde nas árvores.
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