Eu
sei que vc está vivendo sua vida, mas tem expectativas que um dia a
gente volte a dar certo. Isso fica cada vez mais difícil de alimentar em
mim. Quero ser fiel ao que é realmente importante e ser inteira. Na
vida existe fatalidade e também sintonia. Basta termos atração para que
comece a afinidade e o resto aconteça. Tudo o que vivemos foi muito,
muito especial porque estávamos totalmente sintonizados.
Creio
ser impossível reconstruir e manter uma relação à distância, mesmo que
nos tornemos mais cuidadosos, como você gosta de dizer. Dois anos é
muito tempo e já estamos fora de sintonia no momento, imagine nos vendo
apenas ocasionalmente? Eu quero companheirismo e cumplicidade. Por mais
que acredite nos seus sentimentos e tenha superado todas as mágoas, sei
das minhas fraquezas e não tenho condições de viver ½ de uma vida, sendo
que a outra ½ é cheia de incertezas, agravadas pela falta de
convivência.
Estamos
muito distantes faz tempo, e o que vc tinha receio (de nos tornarmos
estranhos) já está acontecendo em um campo muito sutil, mas muito, muito
importante pra mim, que é o da intimidade. Este é muito difícil de
conseguir sem ter uma vida em comum e cada vez que fico como no momento
em que estou agora me coloco em uma das piores situações em que poderia
me encontrar.
Hoje
em dia eu me compreendo muito mais e ignorar meu mundo íntimo é voltar
atrás no meu processo de autoconhecimento que têm sido muito, mas muito
doloroso. Sofro de fadiga, medo e doença. Entro num processo
psicossomático, totalmente desorganizada emocional e psicologicamente.
Caio de cama e fico totalmente sem energia. Junte-se a isso o fato de
não poder contar com ninguém, o que me causa uma ansiedade ainda maior.
Falta quem me ajude nessas horas, alguém que partilhe da minha
intimidade, das minhas frustrações, me conforte e me encoraja.
Relacionamentos
ocasionais em encontros festivos não constróem base sólida para o
convívio diário. Se daqui há um mês você ficar com saudade e me escrever
“Preciso falar-lhe.” existe uma chance enorme de eu ceder, como das
outras tantas vezes, mas aí o ritual é o mesmo: momentos de festa de
muita sintonia, planos ilusórios para um futuro incerto e um dia a dia
de muito, muito sofrimento.
Não
entremos nunca em maiores detalhes, pois sabemos como apenas a simples
suposição dói. O medo de sermos agredidos verbalmente ou ameaçados
moralmente também já passou. Tenho a certeza de que já superamos. Nosso
crescimento interior fez com que olhemos pra frente, perdoando o passado
e respeitando a realidade um do outro, apesar do nosso diferente nível
de amadurecimento.
Agora
precisamos ser inteiros. E ter muito, muito respeito com as
possibilidades e a individualidade. Limites para não invadir a
privacidade e transgredir os territórios emocionais sem termos o menor
direito à isso. Eu preciso agora do meu limite, para poder conquistar
coisas maiores e alcançar o mínimo de equilíbrio. Já machuquei bastante a
mim, a ti e à minha família e amigos com meu descontrole.
Nesse
meu momento existencialista enxergo que a vida vivida na consciência
oferece mais segurança e controle do que a vivida na inconsciência.
Somos livres para escolher os caminhos que vamos tomar e assim sendo
somos escravos das consequências...
Não
adianta o paliativo de planos incertos. A decisão que tomei foi muito
bem pensada e levou em consideração esta reclusão, este distanciamento
total do meu campo confortável para ter um momento de profunda reflexão e
discussão dos meus valores para poder ser uma pessoa mais feliz com as
minhas escolhas.
Tem dias de muita, muita solidão.
Amadurecimento é o que eu preciso.
Harmonia.
Ouvir a voz da própria alma.
Sentir, questionar e refletir.
Sentir, questionar e refletir..., mais nossa vida esta cheia de segredos. Esses sim não vão nunca embora, ficam aqui num cantinho do nosso eu e pronto aparece, vem e nos lembra de momentos intensos . Não adianta somos escravos do nosso eu... bijus
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