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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Observando Lesmas: Aconchego

Aconchego vem da concha que nos recebe. Ela não muda suas formas de imediato, sua transformação é lenta e vem do uso. Uso, gasto, assim me relaciono com minha concha. Vou gastando ela. E nem pense que ela não me gasta. Perdi uns cinco quilos na primeira semana de estadia nela para ter uma folga no seu labirinto. Fico magoada quando ela não considera isso e reclama que seu espiral está menos circular de tantas batidas em rochas.

E, para falar a verdade dos meus sentimentos, mágoas não são do passado. Se fazem presente em cada reclamação da minha concha. Infelizmente, eu associo seu tom de voz àquela primeira vez que me magoou. Esse bendito tom de voz me persegue. Eu tento dizer isso à ela, mas evito quando me dou conta de que ela é assim, é como ela se expressa. Eu não posso exigir um curso intensivo de impostação vocal para que ela consiga ser mais clara na sua linguagem não-verbal.

Até porque eu gosto de me perder no seu labirinto. Em cada horizonte há uma continuidade curva e quanto mais próximo do fim, mais eu percebo minha pequenez diante dela. Eu não caberia lá nem se eu me emagrecesse, me repartisse ou me definhasse. Então fico olhando para lá, imaginando o que pode ser. Me perco ali na minha cabeça até ter a necessidade de sair da concha e carregá-la por um novo caminho em busca de alimento.

A minha concha sou eu que carrego. Nem tentem tirá-la de mim. Ela é minha negação, minha concha, para onde vou, onde eu chego. Meu aconchego.

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