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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Frascos

Começou a conversa bem irritada, pois ainda pensava nos recalques dos outros. “E esse nariz aí, de onde saiu?”. E me contava que não entendia por que é que as pessoas querem sempre achar defeitos nos outros. Ou desculpas para o jeito que elas são. Uma outra vez tinha sido “Você usou aparelho?” E desabafava que não aguentava mais falar de si mesma ou ter que dar explicações para o jeito que era, o corpo que tinha, a vida que levava.

Se a bunda está dura demais é porque faz muita ginástica, se está mole demais é esculhambada. A unha funda e bem feita é postiça, e se não vai ao salão é largada... Magreza só pode ser bolinha e dentes brancos... capinha! E por aí vai. Não existe mérito, não existem elogios no mundo moderno. E muito menos respeito. A ordem do dia é “se recalcar e só esculhambar”. Assim sente-se melhor e não é preciso preocupar-se tanto consigo mesmo.

Ouviu o vizinho dizer que seu namorado era um caos. E ficou com um baita ponto de interrogação na cara, pois bastava ele se olhar no espelho pra ver que o caos era ele. A cara era feia e o pior, também tinha perna de alicate! E a colega do curso dois dias depois emendou: “O meu irmão perguntou o que minha amiga linda estava fazendo com um cara que era viado.” E assim seu namorado virou viado, pode?

Passando férias com uma amiga em sua terra natal a outra disparou: “eu não vou te levar pra festa porque Fulano me disse que você é atraente para qualquer homem, aí todo mundo só vai olhar pra você”. Disse que sorriu e entendeu. Fazer o quê? Pelo menos foi sincera.

Os anos se passaram e um belo dia chegou em casa, toda produzida. Era aniversário de casamento e ela caprichou no salão. Porém a única coisa que o marido reparou foi num fio de cabelo espetado no canto da boca. Irritadíssima pensou “assim não, dá um tempo!”. E saiu nas tamancas com o pobre coitado do marido inseguro, que de brocha passou a corno e teve que cantar de galo em outro canto, porque com mulher de bigode, ninguém pode.

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