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terça-feira, 17 de maio de 2011

Tatuagem

"Take this". Ai. Me dói mais a costela que sua ilustração nas páginas bíblicas. O que mais posso gravar em meu corpo além do X na minha testa que atesta minha autoria? Sei que no meu corpo estão gravados meus hábitos e rituais, mas não os sinto, somente quando os repito e a sensação de lar me vem à tona.

Me machuca mais a costela que sinto do que o mar que ouço. Esse me atinge de diferentes formas. Já tive medo de engolir uma abelha, quando não passava do lacre do vinho. Lacre ou selo? Ambos seguram a segurança. Já a costela me desnorteia, me levando para leste. O mar me re-volta. Hoje sonhei com ele.

Sonhei que as máquinas que trabalham à 50m do meu ouvido soavam como cachoeiras. Em meus sonhos elas se tornaram o mar contra a rocha. E eu podia me divertir na água. Posso me divertir no caminho.

Me permito fugir à minha ética. De que vale meu sentimento se não está posto em causa? De que vale o mar sem contato com a rocha - para a areia formar? De que eu valho para mim se não existo no instante que me sinto? Mal percebo que fujo à ética para o meu prazer... retorno à ela para meu prazer no desprazer do outro.

Escuto mais um tiro suicida. Soa como garças, como zumbidos de abelhas, como máquinas rangendo. No ouvido. Na carne, nada. No meu corpo, só o passado. De quem sentia o som nas veias, as palavras na derme e a mente nos cortes. Objeto de mim, objeto do outro. O processo do sujeito continua obscuro. Não há luz. É uma ques†ão de se acostumar à escuridão. 

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