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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Caipirinha Sentimental

Todas já inebriadas quando, de repente, conversas paralelas transbordam dos copos cheios de mágoas. Como foi que deixou para trás, por pura vaidade, a fonte de seu prazer carnal? Hoje choram as entranhas suspirando fundo de saudades. Confusa e sem saber o que fazer, derrama a dor na mesa do bar. “Mais uma caipirinha, por favor.” As amigas não tão mais jovens assim se diferenciavam dela pela maior leveza com que levavam a vida. Seus olhos carregados denunciavam noites mal dormidas e muita bebida. Ah, e uma certa amargura também. Desde que fora trocada por uma moça mais jovem que tenta achar seu lugar nesse mundo embaralhado. Sem profissão, sem marido e sem chão.

Tentava se consolar no fato de a jovenzinha ser mais feia. E desengonçada também. Mas o alívio durava pouco. "E daí? Ela com ele, eu sozinha." E toda vez que admitia em voz alta que o casamento acabara por que tinha que acabar, sufocava no fundo da alma a possibilidade de ter sido traída. “Mas Diabos, o problema é que acabou! Não importa tanto agora.” Pensava, entre um gole e outro. E em meio às inúmeras frases feitas que eram jorradas para que ela se sentisse melhor, finalmente admitiu que sentia falta do rapaz. “Mais uma, quero sim!”, exclamou com dedo em riste. E todas também pediram mais uma rodada de chopp.

Genial esse negócio de internet. No meio da confusão de seus 55 anos de vida surgia esse jovem de 30 anos, interessado no seu corpo já não tão atraente e na sua cabeça cheia de histórias. Sincero, admitiu não querer compromisso e até ter outras namoradas. Sua indiferença durou pouco. Quanto mais afinidade tinham na cama, mais ela se incomodava em não ser exclusiva. Mas quanta bobagem! Depois de tudo o que já passou, porque não aproveitar sem cobranças? Agora ali estava a lamentar.

O outro namorado mais velho que tinha finalmente fez a escolha e levou uma das parceiras para conviver com a família. Este ela não queria mais, por puro princípio. Se ele resolveu assumir compromisso, ela não queria levar o rótulo de “a outra” e ter de se contentar com as migalhas que restassem. Se ele resolveu assumir compromisso, que arrume outra mulher para desempenhar o papel de amante. Agora o que tinha que fazer era reunir forças para procurar seu jovem rapaz. Suspiro longo. “A conta, por favor?”

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