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terça-feira, 31 de maio de 2011

Histeria

A ameaça do desconhecido me perseguia enquanto a histeria da paixão me consumia. Loucos um pelo outro, loucos um com o outro... Eu não conseguia passar por cima das traições. Não estava procurando conforto material ou um pai para possíveis filhos. Estava a procura de cumplicidade, companheirismo, dedicação. De que adiantavam viagens fantásticas e compras luxuosas? Eu queria ter uma vida sentimental boa.

Já solteira e no meio de um turbilhão de pensamentos, muitas vezes saía de casa sem rumo. Minha cabeça caía num abismo e uma das outras assumia o controle.


-“Quem é essa?” Me pergunto no dia seguinte... Tento buscar alguma fagulha de pensamento no fundo do poço e só o que vem é a frase do pobre coitado, pensando alto - "Você é muito linda, o beijo que você me deu...".


É claro que ele não estava entendendo nada. Eu também não estava... O que uma garota como eu estaria fazendo com aquele estranho num motel barato da Praça Mauá? Provavelmente fugindo. De mim... Dele...


A primeira vez tinha classe. Acordei em bairro nobre, piano ao longe... Longe?!?!? Não!! Bem perto. Ele parou de tocar, disse que tinha café, e eu atordoada só conseguia dizer que estava atrasada - e estava mesmo, era a estréia do meu primeiro projeto solo. Quando eu voltei do banheiro ele perguntou:


- Você perdeu alguém?


- A gente vive perdendo, né?


- Ontem você estava correndo risco de vida...


- Você é um anjo... Como é que eu faço pra ir embora?


- Você está em Laranjeiras, é só descer.


Podia ser pior, e acabou sendo. Praça Mauá, sem o menor vestígio de memória. Eu acabava de perder alguém e deste jeito ia acabar me perdendo também.

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