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terça-feira, 10 de maio de 2011

Mel

Pousa a abelha no braço da criança. Não se espanta! E não espanta o zumbido o inseto. Certo de que não é pico, o menino deixa a abelha descansar. Não há picada quando a abelha sai. Agradecida e agraciada pela companhia de um ser.

Voa não muito longe e encontra a rosa que queria. Vermelha. Lá permanece pelo tempo que pode, encontra todas as veias da rosa, chega até o miolo amarelo radiante. Descanso passageiro, já era hora de partir. Seu pouso foi retirado da orelha da moça. A rosa, viva para a abelha, era murcha para a moça. E a moça a oferece para o rapaz a sua frente: é só o que tenho a oferecer.

A partida da abelha logo encontra novo porto. Um copo, de líquido vinho. Nem doce, nem amargo. Mais um lugar de descanso. Foi levada aos lábios. Inúmeras vezes provou do beijo de um desavisado. Não fosse a conversa entediante, teria ali permanecido por mais tempo. Lá vem aquele velho hábito de ser enxotada por uma palma de mão temente de seu ferrão.

Zumbizando, ressentida, voa sem rumo. O ferrão não é para agora. Matar é suicídio. Onde estão seus campos? Pode-se ter um sossego no copo de guaravita? É diabetes na certa, excesso de glicose. De certa forma, a colméia está tão longe, não tem mais sentido buscar mel - esse só tem utilidade em grupo. Posso pousar em qualquer lugar... aqui pra mim está bom.

E roda em torno da luz. Pára, emite seu som, voa, volta, e faz tudo de novo. O calor da luz artificial lhe queima, mas ao se afastar logo se esquece do mal que lhe faz. E nesse ciclo permanece por muitas horas, até ir de encontro à claridade da lua. E voa.

Para finalmente descansar seu ferrão, a abelha pousa no olho do primeiro menino.

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